No ano passado, quando foi inaugurado em Tóquio, o Trunk Hotel abalou instantaneamente o cenário de hospedagens na capital japonesa. Apesar de ser líder zeitgeist no que diz respeito à moda e ostentar um design impecável, a cidade não oferecia até então um hotel tão descolado. Por isso, todo mundo dava como certo sua abertura em Shibuya, bairro conhecido por sua cultura inovadora e estilo. Localizado em uma rua tranquila, próximo a um estacionamento, dois prédios de quatro andares feitos de aço preto, pedra e vidro se destacam.

O conceito no qual o Trunk Hotel se baseia é chamado de “socialização”. Segundo o estabelecimento, “socializar” é a capacidade de indivíduos poderem fazer, realística e facilmente, contribuições sociais em suas vidas diárias, que são essenciais. É viver sendo fiel a você mesmo, sem pressões indevidas, mas com uma finalidade social em tamanho natural. ”E o hotel não atende apenas ao mínimo; compromete-se totalmente com a noção em toda a propriedade.”

A forma com que essa “socialização” se dá apenas nos espaços públicos é bastante impressionante. A parede de madeira atrás do bar é feita de materiais reciclados de antigas casas japonesas. Os grãos de café são provenientes de Rostro Japan, um roastery local em Shibuya. As canecas são feitas de argila reciclada e criadas em colaboração com Mino na Prefeitura de Gifu, uma cidade que é conhecida pela cerâmica. As bicicletas de aparência vintage disponíveis para os hóspedes são construídas com peças de outras abandonadas. Os uniformes da equipe são feitos de material reciclado, contribuindo para reduzir o desperdício criado pela indústria da moda. Os bancos de cortiça são confeccionados de rolhas recolhidas em restaurantes da cidade pelo Tokyo Cork Project.

No check-in, os hóspedes recebem uma camiseta feita de algodão reciclado com o logotipo do hotel em preto e um par de chinelos que, em vez de descartáveis, são feitos de uma variedade de materiais reprocessados. Nas acomodações, roupas de cama e cobertores feitos pelo próprio hotel, toalhas de algodão orgânico e sacolas de lavanderia feitas em lona reutilizada. Os porta-copos são feitos de couro remanescente ou de uma combinação de papel e plástico compactados. Artigos de higiene pessoal são orgânicos também. Mesmo os materiais de vidro desempenham um papel neste conceito, já que são feitos a partir de lâmpadas fluorescentes já usadas.

E não para por aí. O hotel tem sua própria loja de conveniência, onde produtos alimentícios são produzidos localmente, assim como souvenirs e outros itens da marca Trunk. Além disso, o hotel prometeu doar 5 milhões de ienes (cerca de US$ 44 mil) em vendas da loja para organizações de caridade todos os anos.

Mas o fascínio do Trunk não está apenas em sua devoção à responsabilidade social – mas também em sua vibe. O lounge e bar em plano aberto, decorado com antiguidades e móveis feitos sob medida, é feito para reuniões, já que oferece mesas comunitárias, assentos confortáveis e tomadas por todos os cantos. De dia, pessoas e seus laptops se instalam por lá, acompanhadas de um cafezinho. A noite atrai um público jovem e moderno, que consome os drinques feitos com habilidade e experiência. Os quartos – apenas 15 – são individualmente projetados e variam de pequenos aposentos a suítes em estilo loft. Alguns têm até varandas, uma característica rara na metrópole.

Mas quem será o cérebro por trás deste empreendimento impressionante? Seu nome é Yoshitaka Nojiri. Em 1998, Nojiri criou uma empresa de planejamento de casamentos batizada de Take and Give Needs. Três anos depois, a T&G se tornou a mais jovem empresa a ser listada na Nasdaq Japan, agora conhecida como Hercules, e está na primeira seção do mercado acionário de Tóquio desde 2006. No Japão, seu nome é amplamente conhecido pela indústria e reconhecido como uma das melhores empresas do setor. São 20.000 casamentos executados por ano. Parece que Nojiri tem o toque Midas, que ele agora transferiu com sucesso para os hotéis.

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